Grande é um adjetivo que Bom Jesus da Lapa está se
acostumando a utilizar. Cidade das grandes romarias, grande produtor de frutas
e grande gerador de energia solar do país, por exemplo. Conquistas que
posicionam o município, como um dos mais importantes da Bahia.
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Local onde funcionava a tapeçaria que foi toda destruída com
o incêndio.
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Ocorre que mesmo o município ocupando uma posição de
destaque, com uma população estimada de 70. 610, conforme o IBGE, e recebendo
anualmente cerca de 1,8 milhão de visitantes, por meio do turismo
religioso, hoje, Bom Jesus da Lapa não possui estrutura própria para suprir
a demanda de combate a incêndios, salvamento e atendimento a acidentados,
dentre outras atribuições de um Corpo de Bombeiro. O mais próximo do
município é Barreiras, que demora quase 5h para chegar no município. Atualmente
existe apenas um grupo de bombeiros civis que atua de forma voluntária, e já
fizeram alguns trabalhos para o Santuário no período da romaria e outros para a
prefeitura, no entanto, sem apoio.
“Aqui é um lugar que há muito tempo precisa de uma
Unidade do Corpo de Bombeiro, sempre falamos sobre isso, diante da demanda da
cidade. Já aconteceu vários acidentes aqui, esse da tapeçaria não foi o
único. Por exemplo, teve um no Bairro João Paulo II há alguns anos, com perda
total, uma senhora perdeu tudo. Aconteceu um outro incêndio com um carro, com
grandes proporções, próximo ao Carraca, entre outros”, afirmou Edílson
Barbosa dos Santos, presidente da Associação dos Bombeiros Civis de Bom jesus
da Lapa.
Disse que diferente do que muitos pensam, que o Corpo de
Bombeiro é só para apagar fogo, “e não é”. Tem a parte de assistência médica de
enfermagem de como remover a vítima, a parte de prevenção de acidente. Na
verdade, a gente trabalha muito na parte de prevenção, porque se você prevenir,
não acontece o ato”, frisou.
Edílson falou também que no período da romaria muitos
romeiros passam mal com o calor, e outras correm risco de afogamento no rio São
Francisco por falta de orientação e acompanhamento. “Aqui em Bom Jesus da Lapa
tem a Barrinha, a beira do rio que é necessária ter o Corpo de Bombeiro, no
caso a Praia da Coroa. O corpo de Bombeiro ele marca a área de risco e orienta
os banhistas. Aqui só vem uma equipe no período das romarias e em situações de
extrema necessidade, quando solicitado”, destacou.
Ele relembrou o caso do jovem Edson que pulou da ponte
sobre o rio São Francisco no mês de abril de 2017, que foi preciso chamar
uma equipe do Corpo de Bombeiro de Barreiras para procurar, e demorou
quase 5hs para chegar na cidade, e depois de 4hs de buscas tiveram que encerrar
o trabalho, sem sucesso, e até hoje a vítima nunca foi encontrada.
Lembrou também um outro caso, o qual deixou a população
revoltada, que ocorreu em meados do mês de outubro de 2017, na praia da Coroa,
também no Rio São Francisco. “O pai tentou salvar o filho do afogamento, no
final morreu os dois afogados. Sem uma equipe de busca apropriada, os amigos e
irmãos de igreja onde a vítima participava tiveram que procurar os corpos sem
nenhum equipamento apropriado, apenas na vontade”, finalizou.
O Corpo de Bombeiro tem múltiplas atribuições e
responsabilidades, atuando muitas vezes em controle de inundações e resgates de
vítimas de acidentes em lugares de difícil acesso, epidemias, catástrofes,
incêndios e também na fiscalização de prédios e edifícios.
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Local na praia da Coroa onde pai e filho morreram afogados,
não tinha nenhuma sinalização. Os amigos e irmão de igreja da vítima que deram
buscas nos corpos.
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